Por Maria Alice de Carvalho

Em meio aos ataques realizados contra a classe trabalhadora no Brasil, esta encontra-se travando suas lutas com a necessária radicalidade e nos dando lições e exemplos de como construir as próximas greves e mobilizações pelo país.

Em diferentes cantos do país, temos encontrado nos últimos meses categorias em greve, de forma firme, colocando-se acima daqueles que há muito as exploram; e mostrando-nos como devem ser organizadas nossas lutas: de forma realmente democrática, passando suas decisões por Assembleias, e sem perder aquilo que nos é inegociável.

No Distrito Federal, os metroviários encontram-se em Greve desde o dia 02 de maio. Em luta por seus direitos trabalhistas e por um metrô público, estatal e de qualidade, os trabalhadores reúnem-se em Assembleia Geral Permanente periodicamente para decidir sobre os rumos da greve.

No dia de ontem, a categoria se reuniu em Assembleia para debater e decidir se acataria ou não a proposta de conciliação feita pelo patronato, o qual encontra-se extremamente preocupado em fazer com que os 1.274 trabalhadores que decidiram pela greve voltem ao trabalho diário, sem a garantia de seus direitos. Os metroviários, diante da proposta, optaram pela manutenção da greve ainda por tempo indeterminado, não se submetendo às tentativas e ameaças dos patrões.

Os trabalhadores da Eletrobras, em Assembleia na última semana, deliberaram por uma greve de 72 horas que terá início no dia 03 de junho. A decisão dos trabalhadores se deu por conta das tentativas de negociação da companhia com eles em relação ao reajuste salarial e retirada de cláusulas conquistadas em acordos coletivos anteriores.

A proposta da Eletrobras foi de reajustar o salário em 1,5%, enquanto os trabalhadores reivindicam a reposição da inflação do período, que foi de 4,5%. Além da tentativa de retirada da cláusula que proíbe a Eletrobras de realizar demissões em massa.

No Mato Grosso, iniciou hoje Greve Estadual da Educação por tempo indeterminado. A greve ocorre por conta da exigência de que sejam convocados os aprovados no Concurso Público de 2017, infraestrutura para mais de 400 escolas que encontram-se degradadas e, ainda, que sejam assegurados recursos na Educação que hoje não são aplicados.

Um Ato Público reuniu hoje cerca de 90% de adesão nos municípios mais populosos de Mato Grosso, em luta pelos direitos e recursos dentro do orçamento da educação. O ato em frente à Secretaria de Estado de Educação reuniu professores, técnicos, estudantes, dirigentes regionais e representantes de sindicatos.

Essas e outras mobilizações estão tomando corpo desde 2013, ano em que a classe trabalhadora realizou mais de 2000 greves. Esse ciclo de greves estourou justamente no momento em que a crise estrutural do capital chegou ao Brasil, isto é, a partir de 2011. As greves sinalizam a mobilização dos trabalhadores em resposta aos ataques da classe dominante que atua através do Estado.

Desde então, o Estado tenta se reconfigurar para compensar as perdas devido ao ciclo de recessão, empurrando a conta da crise para os trabalhadores. Para barrar as medidas impopulares, que pretendem subtrair os direitos, somente com as greves, com os trabalhadores nas ruas, será possível. Foi assim, por exemplo, que os trabalhadores conseguiram enfrentar e barrar o desmonte da previdência no governo Temer.

Agora não será diferente. As atuais greves decretadas por trabalhadores de diferentes setores devem servir de exemplo e dar ânimo para o conjunto da classe, pois apenas conjuntamente será possível barrar o desmonte da previdência, as privatizações de nossas riquezas e os cortes orçamentários nas políticas públicas. Em suma, somente construindo uma expressiva Greve Geral será possível barrar o governo! Rumo ao dia 14 de junho!

Fonte: UFSC À Esquerda

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