Última mesa do IV Seminário de  Gênero e Raça do Sindprevs/SC  na manhã deste sábado, dia 19 de novembro, tratou sobre racismo.

“Ensinaram que nós viemos do tráfico negreiro. Isso não é verdade. Nós fomos arrancados da África. Nós fomos deportados”, disse Marcos Silva, doutor em Ciência da Religião: África/Brasil, Educação/Identidade e as políticas públicas foi um dos debatedores.

O professor falou sobre o legado e a história dos africanos. “Até o século XVI o desenvolvimento africano era superior ao europeu em várias áreas do conhecimento”.   

Ele ponderou que “a visão dos imigrantes quem chegavam no Brasil, da Alemanha e da Itália, era uma. O olhar era diferente de dentro do navio negreiro”.

“Os nossos irmãos africanos estão projetando o futuro, debatendo uma agenda até 2063, na qual eles projetam e querem um continente integrado com ideais do Pan-africanismo; uma África com democracia e respeito pelos direitos humanos, forte identidade cultural, herança, valor e éticas comuns, onde o desenvolvimento seja orientado para as pessoas”, destacou o professor.

Marcelo Silva, historiador e doutorando em Antropologia: Africanidade/Brasil, educação inclusiva/religiosidade também participou do debate. “Pensar tradição de matriz africana, pensar nossa ancestralidade, pensar no que foi perdido com o colonialismo é pensar a africanidade. Conhecer o passado é muito importante e nos faz pensar em um passado que foi fraturado.”

“A construção da resistência na sociedade brasileira, a história, dos movimentos negros  tem sido contada  pela hegemonia branca. Em um país onde a cor da pele é um patrimônio, ser branco é um privilégio”.

Vanda Pinedo, representante do Movimento Negro Unificado falou sobre mulheres negras e a situação de violência. “Todo mundo acha que nós não sofremos as múltiplas violências. Sofremos as mais diferenças violência de raça e gênero. A violência não é de hoje. As mulheres negras sofreram violência desde o tráfico negreiro. Nós temos que pensar a violência contra as mulheres a partir do tráfico negreiro e não somente das lutas no contexto europeu. Somos todas mulheres, mas as mulheres indígenas, negras e lésbicas sofrem muitas vezes mais”.

“Passado dez anos da Lei Maria da Penha, o quadro de violência contra as mulheres negras teve um aumento considerável e a casa é o maior lugar onde ocorre a violência”, disse Vanda. “As políticas públicas são insuficientes. Há ineficiência no atendimento ao agressor seja para tratamento, seja para punição. Não dá para a mulher  denunciar a violência e ser atendida de forma preconceituosa e racista. Por que denunciar se ela tem que continuar na casa com o agressor? Não há casas abrigos suficientes”.

 “O problema ainda são as mulheres. Além de carregar a violência, a mulher carrega a culpa”, alertou. É preciso a construção de políticas publicas para mudar esta realidade”, finalizou Vanda.

 

Fonte: Sindprevs/SC

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