Para falar sobre este importante tema, a reorganização da classe trabalhadora, o Sindprevs/SC trouxe para o 9º Congresso Estadual os companheiros Amauri Soares, da Intersindical, e Joaninha de Oliveira, da CSP Conlutas.
Os dirigentes falaram sobre o modelo do sindicalismo brasileiro e as lutas da classe trabalhadora, o enfrentamento contra as reformas da Previdência e trabalhista e a retirada de direitos imposta pelo governo Temer e demais governos estaduais que massacram a classe trabalhadora.
A dirigente da CSP-Conlutas, Joaninha, chamou a atenção para as mazelas da reforma trabalhista: “o imperialismo quer que a terceirização atinja a todos os setores, no caso do setor público, que o concurso público não seja mais realizado, porque terceirizar a classe trabalhadora enfraquece também a sua organização. A terceirização é, em essência, um ataque brutal aos trabalhadores, para dar mais lucro aos patrões. No entanto, a terceirização também não resolve a crise. Esta crise em qual o Brasil está inserida é estrutural e se compara a crise de 1929. Ela é de difícil solução e de longa duração, portanto os projetos dos governos são para resolver parte da crise, colocando a conta nas costas dos trabalhadores”.
“Existe uma crise política e econômica muito séria no Brasil. Minha pergunta é, então, por que o Temer não cai? Temer está lá somente para aprovar as reformas. Porém, pedirmos diretas já não resolve o problema. O próximo que entrar, vai aprofundar estas reformas”, avalia Joaninha.
Por outro lado, “também me questiono como pode ser golpe, se o PT se coligou com os ‘golpistas’ em diversas prefeituras? Existem sim, muitos golpes. Mas, são golpes contra a classe trabalhadora. A reforma de Previdência, por exemplo, começou em 98 com o governo FHC, e, em 2003, a ‘grande esperança que vence o medo’ (referindo-se ao governo Lula) faz novamente outra reforma. Por isso, é importante um sindicato ser independente de partidos, governos e patrões. A classe trabalhadora brasileira se sente traída, decepcionada. A corrupção foi criada pelo PT? Não, claro que não. A corrupção é inerente ao capitalismo”, pontuou Joaninha.
A dirigente também defendeu eleições gerais, sem a participação dos parlamentares envolvidos em corrupção. “Estamos em uma situação muito complicada para a classe trabalhadora. Não se pode recuar na greve geral, como algumas centrais querem. O momento é de fortalecer a greve, fortalecer os comitês de base e organizar a classe. Ir para a ação direta. Não podemos ter dúvida entre eleger e entre lutar. A luta é essencial e temos que ter esta clareza para debater qualquer projeto. Em Brasília, por exemplo, no dia 24 de maio teve direções que recuaram na luta. Se os 150 mil tivessem ido para frente, tínhamos atropelado os policiais”.
“Temos que debater a revolução, só que a revolução sem mexer na propriedade privada, sem expropriar a burguesia, não é revolução. A revolução Brasileira será negra ou não será. Terá à frente mulheres, ou não será. Terá à frente as periferias, ou não será. Terá a unidade de todos, ou não será. Ela é possível, não nesta data, neste momento, mas daqui a pouco será. É para isso que vivemos, para construir esta nova sociedade”, finaliza a dirigente.
Amauri Soares, que falou pela Intersindical, também apontou que existe uma crise profunda e estrutural do capitalismo e que atingiu o Brasil. Lembrou que foram as mulheres que começaram a primeira greve geral em 10 de junho de 1917. “Naquela época, era proibido sindicato. As pessoas se organizavam em entidades com outros nomes. Agora, não só sindicato é permitido, como o sindicalismo virou oficial, o sindicalismo de Estado, que é o que prepondera no Brasil. A reorganização da classe trabalhadora passa por debater esta estrutura, essa burocracia sindical”, defendeu.
“Nós fizemos parte do movimento que criou a CUT na década de 80. A CUT, na nossa avaliação, já começou a não cumprir o seu papel alguns anos após a sua criação. Na década da de 90, a CUT pegou dinheiro do FAT para fazer formação profissional como se essa fosse o papel de uma central sindical formar mão de obra para o capital”, disse Amauri.
“A reorganização da classe trabalhadora passa também por princípios da autonomia da classe trabalhadora, da autonomia do proletariado e não da submissão. O sindicalismo precisa ter autonomia dos governos e patrões. A Intersindical foi criada em março de 2014 e foi criada para ser este instrumento de aglutinação e reorganização da classe trabalhadora e do povo pobre em geral”, enfatizou o dirigente.
“Nunca apoiamos os governos do PT, mas nos posicionamos claramente contra o impeachment por entender que o governo Temer é um governo golpista”, frisou Amauri. Para ele, a PEC da Previdência e a reforma trabalhista estão sendo um golpe duro na classe trabalhadora. Hoje, quando estamos nas ruas, as pessoas vêm pegar os panfletos na nossa mão. Avalio que ganhamos vitórias parciais. A PEC da Previdência poderia ter sido votada em março e a trabalhista teve uma derrota na comissão de assuntos especiais do senado. E hora de recuar? Não! Agora tem que avançar. O povo não concorda com a retirada de direitos. Não fomos e não seremos derrotados. Vamos derrotar os inimigos”, defendeu o representante da Intersindical.
As duas centrais também falaram que não dependem ou recebem imposto sindical. Reconheceram a importância histórica da luta dos trabalhadores do INSS, Ministério da Saúde e Anvisa e do papel do Sindprevs/SC nesta luta e conjuntamente em lutas de outras categorias.
Fonte: Sindprevs/SC
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